Baseada na geolocalização da lavoura, a startup IMBR Agro é capaz de analisar e converter dados agroclimatológicos e de mercado em informações para a tomada de decisão
A história da IMBR Agro começa em 2018, quando Hernan Angulo e Lucas Magro Koren realizaram, ainda na graduação, uma iniciação científica intitulada “Matriz de Impacto de Risco”, com insights gerados após assistirem uma palestra do ex-ministro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Roberto Rodrigues na ESALQ/USP, em Piracicaba.
Após sua publicação, o artigo atraiu amplo interesse do meio acadêmico, despertando nos autores a curiosidade de entender como o mercado lidava com a análise dos fatores que compunham risco para operações financeiras no agronegócio.
Após passarem o ano 2019 conversando com diferentes profissionais do agronegócio e aprendendo mais sobre suas dores, em fevereiro de 2020, junto com Gustavo Naoki Dias Oharomari, a IMBR Agro começou seus trabalhos em um escritório localizado no centro de Piracicaba. Em abril de 2020, Filipe Scigliano Silva Pinto se juntou ao time, sendo que a fundação oficial da empresa ocorre no dia 29 de julho de 2020.
Hoje, a missão da IMBR Agro é trazer segurança e previsibilidade às operações financeiras do agronegócio, a partir de uma análise de riscos mais eficiente. A empresa também é uma das integrantes do Hub de Startups da Socidade Nacional de Agricultura – o SNASH.
“O agronegócio é um setor complexo por definição, sendo afetado sistematicamente por questões climáticas e geopolíticas. Por exemplo,uma desvalorização do real, ou uma frente fria inesperada, são situações impactantes na rentabilidade do agronegócio como um todo”, explica Sciglianon, cofundador da IMBR Agro.
“Por estas razões, o acesso a informações de qualidade, potencializam as tomadas de decisões, as deixando cada vez mais rápidas e eficientes”, completa.
Análise de risco
Para isso, a startup utiliza Big Data e ferramentas de análise de dados. Desse modo, baseada na geolocalização da lavoura, a IMBR Agro é capaz de converter dados agroclimatológicos e de mercado em informações para a tomada de decisão.
O trabalho da startup é realizado de forma 100% digital, com a entrega do dado sendo feita no formato desejado pelo cliente via API (uma aplicação a qual a entrega final é realizada de forma digital e segura).
“Nós provemos a análise do perfil climático, à nível de talhão agrícola. Para isso, além de dados referentes à própria meteorologia do local, trabalhamos em sua conversão para séries históricas de produtividade, baseadas em literaturas aclamadas pela comunidade científica mundial”, conta Scigliano.
“Realizamos a análise do perfil de risco de produção de cada cliente, por meio de classificação baseada em notas de risco desenvolvidas pela startup. Denominamos esta nota de IMBR, facilitando a tomada de decisão de nossos clientes”.
Diariamente, a empresa disponibiliza aos clientes uma ferramenta de monitoramento de quebra de safra. Nela, o usuário coloca uma produtividade de interesse para um determinado talhão e a tecnologia da IMBR avalia diariamente a probabilidade de quebra em relação ao gatilho que o cliente usou.
Mecado financeiro
Segundo o cofundador da IMBR, o setor do financiamento no agronegócio é um dos mais complexos, uma vez que ele é sensível a tudo que já ocorre no agro, e sente de forma mais direta como questões climáticas e geopolíticas o afetam, como uma mudança na taxa básica de juros ou efeitos de fenômenos naturais como La Niña, dentre outros fatores.
“É vital para o mercado financeiro a maior precisão possível sobre os ativos, para que as tomadas de decisões sejam o mais assertivas possíveis. A boa e correta medição do risco permite preços mais aderentes aos produtos financeiros”, afirma Scigliano.
A empresa tem como missão tornar-se uma ferramenta de quem se preocupa com o risco inerente à produção agrícola, através de simulações de diversos cenários. Isso ocorre de maneira ativa em seguradoras rurais, no momento da precificação de apólices.
Além disso, para traders, agroquímicas e compradoras de sementes, a startup propicia um entendimento assertivo do risco de preço de commodities agrícolas como a soja, o milho, o trigo e a cana-de-açúcar.
Pensando no mercado de financiamento rural, a IMBR Agro realiza trabalhos de classificação do ativo, validação das promessas de entrega de produção e monitoramento das condições climáticas da área, viabilizando uma visão tanto pré como pós-registro.
“A IMBR Agro posiciona-se como uma empresa capaz de auxiliar os tomadores de decisões do mercado financeiro do agronegócio, propiciando aos agentes informações relevantes e ágeis antes, durante e depois da safra, o que permite uma maior previsibilidade e transparência no momento da análise sobre os ativos em um ciclo virtuoso e contínuo de uma análise assertiva e ainda mais precisa sobre os ativos”.
Critérios ESG
A IMBR Agro também tem em sua missão critérios que atendem ao ESG (critérios Ambientais, Sociais e de Governança).
“Quanto ao cotidiano da startup, podemos mencionar o fato dos produtos ofertados por nós seguirem o Zoneamento Agrícola (ZARC), um importante trabalho realizado pela Embrapa, que garante uma previsibilidade a todos os agentes envolvidos”, cita o cofundador da emrpesa.
Scigliano adianta que a empresa espera ampliar ainda mais a governança ambiental, social e corporativa.
“Estamos desenvolvendo produtos que possibilitem a leitura do Cadastro Ambiental Rural (CAR), com o CAR sendo de fundamental importância não apenas para o futuro do agronegócio, como para o presente”.
Futuro da análise de risco no agro
A cada ano que passa, a análise de risco no agro se torna mais complexa. O mercado de financiamento agropecuário no Brasil apresenta uma tendência de crescimento para os próximos anos. Isso significa que haverá ainda mais dados e fontes de dados disponíveis.
“Com o aumento da relevância do mercado de financiamento do agro, a análise de risco no agro necessita continuar evoluindo de modo a acompanhar todo esse crescimento. Sendo assim, a assimetria de informações entre os agentes envolvidos nesse mercado necessita ter sua devida atenção, uma vez que esse é um desafio que perdura décadas no Brasil”, avalia Scigliano.
“No futuro, a análise de risco necessita ser mais assertiva e ágil do que é hodiernamente, de modo que os agentes do setor estejam cientes do que pode ou não ocorrer durante uma safra e quais as ótimas decisões a serem tomadas a partir dessas informações entregues a esses agentes”, conclui.
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