Não é de hoje que o consumo consciente de água vem sendo uma pauta de grande importância em variados ambientes e cenários, tanto que, atualmente, nas discussões sobre as questões de ESG (Environment, Social and Governance), há uma expansão do nicho de sustentabilidade, que gera cada vez mais a procura de empresas em inovações sustentáveis no mercado.

Afinal, há uma tendência crescente de que os clientes e a sociedade estejam interessadas em produtos e serviços que carregam e semeiam impacto positivo no meio ambiente, No caso da água, buscar novas formas de redução no consumo está no radar de muitas empresas.

Ao mesmo tempo em que nosso país consegue liderar o ranking com maior concentração de água doce no mundo, ele figura entre os que mais desperdiçam e poluem. Segundo relatório do Instituto Trata Brasil, nossa nação segue piorando seus números em relação à gestão hídrica.

O consumo consciente dos recursos hídricos transcende as fronteiras da sustentabilidade, é uma questão de sobrevivência global. Foto: Embrapa

Somente nos primeiros seis meses de 2022, 40% de toda a água potável captada foi perdida, em grande parte por vazamentos, falhas na distribuição ou até mesmo furtos. É como se o Brasil simplesmente jogasse fora o suficiente para abastecer quase 8 mil piscinas olímpicas diariamente, algo que conseguiria suprir as necessidades de quase 66 milhões de pessoas.

Iniciativas governamentais, como a meta estabelecida pelo Marco Legal do Saneamento, buscam reduzir esse desperdício em todos os estados brasileiros para 25%. Ocorre, porém, que segundo dados da Confederação Nacional da Indústria, até 2030, o uso de água no Brasil deve aumentar em 24%. Portanto, esse é um desafio e tanto para os próximos anos.

.

Foco na gestão

“O consumo excessivo de água é uma preocupação mundial. Sempre tive o sonho de contribuir para que o mundo se tornasse um lugar melhor, e encontrei na gestão da água, através de tecnologia e know-how adquirido em anos em multinacionais, uma maneira de colocar isso em prática”, comenta o CEO e Co-Fundador da T&D Sustentável, Camillo Torquato. A empresa faz parte do SNA Startup Hub (SNASH), novo hub de agtechs e edutechs criado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), que reúne startups com foco em soluções para o agronegócio

Ele explica que a T&D Sustentável nasceu através de sua trajetória única e, especialmente, suas vivências. “Cresci no semiárido nordestino, onde a escassez de água é uma realidade constante. Essa vivência despertou um propósito profundo relacionado à redução do desperdício de água”, recorda.

O CEO e Co-Fundador da T&D Sustentável, Camillo Torquato. Foto: Divulgação

Após trabalhar por quase 10 anos em uma gigante multinacional com expertise em aquisição de dados e gestão de fluidos, o CEO percebeu a possibilidade de aplicar princípios semelhantes, mas em uma escala micro, nos sistemas hidrossanitários de edifícios e empresas. Segundo ele, o momento decisivo ocorreu quando o condomínio em que morava enfrentou um problema crescente de aumento no consumo de água.

“Decidi colocar à prova um modelo de gestão que havia desenvolvido, e os resultados foram notáveis, gerando economia significativa. Então, vi a oportunidade clara de fazer a diferença nesse campo, pedindo demissão do meu emprego e, junto com meu sócio Pedro Vitali, fundamos a T&D Sustentável”, conta Torquato.

“Minha paixão por reduzir o desperdício de água, combinada com a  experiência em gestão de recursos hídricos, impulsionou a criação da empresa, que agora está liderando a revolução na eficiência hídrica e sustentabilidade em todo o Brasil”, complementa.

Combate ao desperdício           

Os principais objetivos da T&D Sustentável, conforme explica o CEO, estão centralizados na promoção da eficiência hídrica e da sustentabilidade ambiental, com foco em reduzir custos, ou seja, provar que uma solução ambiental pode ser lucrativa.

“Nossa missão primordial é impulsionar empreendimentos e pessoas rumo ao desenvolvimento sustentável. Fazemos isso através do combate ao desperdício de água, um recurso vital, por meio de soluções inovadoras e eficazes”, destaca.

 

Empresa promove palestras de conscientização. Foto: Divulgação

“Além disso, como a água é um recurso pago, sua economia gera, por consequência, saving financeiro para nossos clientes, contribuindo para a otimização de recursos em suas operações”, completa.

Pacote de soluções              

Torquato informa que, através do Sistema de Economia de Água (SEA), principal solução da empresa, visa proporcionar uma redução expressiva nos custos relacionados ao consumo de água, além de conscientizar os clientes, e a sociedade sobre a importância da gestão responsável da água, evidenciando seus impactos benéficos no ambiente e nos negócios.

“Nessa trajetória já são mais de 450 milhões de litros economizados, através de um modelo de negócio no qual conseguimos entregar nosso pacote de soluções com implementação 100% gratuita e remuneração atrelada à eficiência gerada, garantindo que nossos clientes não tenham nenhum tipo de risco”, diz.

Técnico implementando a solução. Foto: Divulgação

Segundo o executivo, além de economizar recursos financeiros, incentivar o uso mais consciente da água e gerar impactos positivos ao aliviar a sobrecarga sobre os recursos hídricos naturais, a ideia é contribuir para a resolução de desafios ambientais e promover um futuro mais sustentável para todos.

“Mas nosso impacto vai bem além dos quesitos sustentáveis. Está também focado no desenvolvimento de pessoas, tanto que já são centenas de colaboradores em nível nacional que, por meio da economia de água, transformam suas vidas e se desenvolvem constantemente”, relata.

Uma questão de sobrevivência

Segundo Torquato, a importância da economia e do consumo consciente dos recursos hídricos transcende as fronteiras da sustentabilidade, é uma questão de sobrevivência global. “Enquanto nos preocupamos com o desperdício de água, bilhões de pessoas ao redor do mundo ainda não têm acesso à água potável suficiente para atender às suas necessidades básicas”, observa.

Dados alarmantes revelam que aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas enfrentam escassez de água devido ao uso ineficiente e desperdício. Isso é equivalente a mais de um quarto da população mundial. Além disso, estima-se que 4,2 bilhões de pessoas vivam em áreas afetadas pela escassez de água durante pelo menos um mês por ano, ou seja, mais de metade da população.

“O consumo inconsciente de água não apenas aprofunda essa crise global, mas tem sérias implicações ambientais. Grandes volumes de água são desviados de ecossistemas naturais, resultando em danos irreparáveis à biodiversidade. Além disso, o desperdício de água impulsiona as emissões de carbono associadas ao tratamento e à distribuição de água”, relata.

“Cada gota de água economizada contribui para a preservação do nosso planeta e ainda pode significar uma gota de esperança para aqueles que ainda sofrem com a falta desse recurso essencial”, alerta.

Por fim, o CEO ressalta que a economia e o consumo consciente de água é também um ato de solidariedade global, uma declaração de responsabilidade para com as gerações futuras e uma promessa de um futuro onde a água é um direito humano universal, não um privilégio.

“Acreditamos que, à medida que mais empresas e indivíduos reconheçam os benefícios econômicos e ambientais do uso responsável da água, a conscientização e a adoção dessas práticas continuarão a crescer. Além disso, a redução do consumo impacta na diminuição de emissões de CO2, em que o mercado de carbono, que se encontra em franca ascensão, acaba por puxar a demanda de economia de água fortemente”, arremata Torquato.