Lenha feita a partir da fibra do coco evita impactos ambientais, como a emissão de gases poluentes e a degradação do solo

 

Depois de beber aquela água de coco gelado, você sabe o que acontece quando ele vai para o lixo? 

Hoje, o coco verde é um enorme problema ambiental. Pensando em resolver isso, a Terraço Atlântico Biotech – empresa que integra o Startup Hub da Sociedade Nacional de Agricultura, o SNASH – desenvolveu uma tecnologia que transforma a casca do coco em lenha verde.

“Transformamos qualquer tipo de resíduo orgânico em novos ciclos produtivos”, conta Michael Santiago, fundador da startup, em entrevista à Revista A Lavoura. 

Segundo levantamento feito por ele, cerca de 600 toneladas de coco por mês são descartadas apenas nos 350 quiosques da orla do Rio de Janeiro. Isso sem contar com o descarte feito pelos vendedores nas areias das praias e pelas empresas que produzem a água de coco.

Hoje, tudo isso vai parar nos aterros sanitários, gerando enorme impacto ambiental. Michael explica que o coco, conforme vai degradando, gera quatro tipos de gases: butano, propano, isopropanol e metano – altamente poluente.

Além disso, a morfologia da fruta ocupa espaço, criando volumes de vazios dentro do aterro sanitário, o que faz acúmulo de água, chorume e dos gases.

“Ou seja, cria uma pequena bomba dentro do aterro sanitário, gerando altos custos para o aterro”, explica o fundador da startup.

A solução 

Briquetes de fibra de coco pode ser usado em diversos tipos de comércio, como em fornos de pizzarias e panificadoras. Foto: Divulgação

 

Atualmente, o carro chefe da empresa é o composto organomineral que também leva fibra de coco. Nesse processo de produção do composto sobra a fibra.

Pensando em uma inovação para agregar renda e colocar fim à fibra do coco, a empresa desenvolveu uma maneira de fabricar briquetes a partir do coco, uma espécie de lenha verde.

“O composto do coco se assemelha a madeira”, explica Michael.  “A fibra da madeira tem 13% de lignina, que ajuda a madeira entrar em combustão e também é um passivo ambiental, no coco a lignina representa 47%”.

Ele conta que o descarte no meio ambiente, desertifica e acidifica o solo, impedindo o crescimento de plantas.

“A briquetagem seria uma forma de comprimir um grande volume de fibra e transformar grandes volumes em volumes menores”.

 

Usos do briquete

Michael Santiago apresentando o briquete de coco, durante o evento Geeen Rio, no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução Instagram/Terraço Atlântico Biotech

 

Michael explica que a lenha verde, desenvolvida pela Terraço Atlântico, possui um poder calorífico quatro vezes maior que a lenha convencional.

“Pode ser usada na indústria, uso doméstico, lareiras, churrasqueiras, no forno de pizza, pizzarias, fogão a lenha, e na panificadora. Há uma gama enorme de comércio que podem utilizá-la”.

A startup tenta tirar do papel um projeto piloto para fabricação da lenha. Pesquisa de campo, realizada pela empresa, constatou  que utilizando apenas um terço do resíduo gerado nas praias, ou 170 toneladas de coco, seria possível atender a 49 pizzarias que possuem forno a lenha no Rio de Janeiro.

“Isso equivale a apenas 5% do todo o mercado de pizzarias a lenha do Rio (…) Neste projeto piloto seria possível escalonar três vezes mais”.

Outra vantagem da lenha verde é que a sua queima não emite nenhum gás de efeito estufa, e nem mesmo fumaça.

Segundo Michael, a ideia é que depois de instalado o projeto piloto seja possível iniciar testes com outras biomassas, para fazer briquetes de outras matérias-primas e criar cooperativas de catadores de coco que poderiam garantir o suprimento da produção da lenha.

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Fonte: Redação A Lavoura