Empresa investe em biotecnologia para solucionar desafios do segmento

Semear sustentabilidade com a força da biotecnologia é uma das missões que norteia as ações da Bioinsumos Brasil, startup que tem, dentre seus objetivos, desenvolver soluções avançadas para os desafios agrícolas atuais por meio de pesquisas na área de bioprospecção de novas batérias, bioprocessos eficientes e biologia sintética.

“Nossos bioinsumos são resultado de anos de estudo e experimentação científica”, destaca o CEO da startup, Carlos Breyer. Segundo ele, através da bioprospecção de novas bactérias, a empresa busca identificar microrganismos com características benéficas para a agricultura.

Em entrevista para a Revista A Lavoura, o CEO afirma ainda que a busca por novos recursos microbianos é fundamental para o desenvolvimento de produtos inovadores e sustentáveis que atendam as necessidades dos agricultores e também reduzam os impactos ambientais.

O CEO da Bioinsumos Brasil, Carlos Alexandre Breyer. Foto: Divulgação

“Além disso, estamos focados no desenvolvimento de bioprocessos eficientes e, com o emprego de métodos avançados de formulação e produção, trabalhamos  para otimizar a eficiência e a escalabilidade de nossos bioinsumos”, destaca Breyer.

Segundo ele, todas essas etapas já resultaram no desenvolvimento de cinco tecnologias baseadas em bactérias. “Queremos garantir que os produtos que desenvolvemos estejam prontos para atender o mercado, oferecendo soluções sustentáveis”, observa.

Entenda mais sobre as atividades da empresa que também faz parte do SNA Startup Hub (SNASH), novo hub de agtechs e edutechs criado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), que reúne startups com foco em soluções para o agronegócio.

A Lavoura: Como surgiu a Bioinsumos Brasil?

Carlos Breyer: A Bioinsumos Brasil surgiu como uma spin-off da Biobreyer, empresa dedicada à pesquisa e desenvolvimento na área de biotecnologia, com foco principal em bioprocessos. Na Biobreyer, começaram a aparecer diversas demandas na área de agricultura, mais especificamente em biológicos, tais como consultorias para melhoria de bioprocessos, desenvolvimento de produtos e até projetos de biofábricas industriais.

A Lavoura: Qual a  importância da biotecnologia na produção de biológicos?

Carlos Breyer: Aplicamos, na área de produção de biológicos, ferramentas muito utilizadas na biotecnologia farmacêutica e industrial. Com essas ações, conseguimos uma eficiência muito maior nos processos produtivos de biológicos e menor taxa de contaminação de lotes, sem contar a implementação de boas práticas de produção e controle de qualidade.

A Lavoura: Existem outras ações em andamento?

Carlos Breyer: Sim, Pensando em inovação tecnológica, também iniciamos projetos de pesquisa próprios, prospectando novas bactérias dos biomas brasileiros e desenvolvendo produtos em escala piloto. Vale destacar que, nesse processo, vamos desde a busca de uma nova bactéria, passando pelas etapas de desenvolvimento de meios de cultura, desenvolvimento de bioprocesso de produção, até a formulação final e produção em escala de milhares de litros. Com crescimento desse projeto e adesão de um novo sócio,  a parte de agro foi desmembrada da Biobreyer e assim surge a Bioinsumos Brasil.

Experimento de campo para teste de produto, (plantas ainda não tratadas) . Foto: Divulgação

A Lavoura: Quais os principais objetivos da startup?

Carlos Breyer: Nosso objetivo é trabalhar no desenvolvimento do setor de biológicos para agricultura, atuando com inovação de ponta utilizando as ferramentas mais modernas de biotecnologia disponíveis. Com ferramentas de bioprocessos eficientes, biologia molecular e biologia sintética pretendemos acelerar o desenvolvimento da nova geração de biológicos para a agricultura.

A Lavoura: Como as soluções disponibilizadas pela empresa impactam na evolução do segmento?

Carlos Breyer: Acreditamos que os bioinsumos são o futuro da agricultura. Nos próximos anos, muitas culturas de grande extensão serão produzidas somente com biológicos, sem uso de nenhum tipo de defensivo químico. Nossas tecnologias auxiliarão essa evolução. Pretendemos com nossas moléculas recombinantes potencializar produtos biológicos, desde a inserção de moléculas que funcionam como uma espécie de “vacina” para a planta, até a adição de enzimas que atuam sob insetos e fungos patogênicos.  E finalmente, pretendemos utilizar biologia sintética para produzir metabólitos chave, os quais possuem diversas aplicações agrícolas, mas o processo produtivo ainda é um desafio técnico.

A Lavoura: Quais os principais gargalos e desafios do setor agrícola em relação à implementação dessas novas tecnologias?

Carlos Breyer: Recentemente, o principal gargalo dos biológicos para a agricultura foi superado, a aceitação dos produtos pelo setor agrícola. Atualmente, a maioria dos produtores já conhece ou usa algum tipo de biológico. Ainda há gargalos, principalmente relacionados à tecnologia de produção, isto é, conseguir produzir em larga escala com grande qualidade a um preço competitivo. Além disso, produtos disruptivos, tais como os que estamos desenvolvendo, possuem barreiras regulatórias a serem superadas.

Plantas submetidas a tratamento semanal com o produto a base da bactéria Bacillus Subtillis. Foto: Divulgação

A Lavoura: Como os bioinsumos contribuem para desenvolvimento sustentável do setor?

Carlos Breyer: Os bioinsumos têm desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento sustentável do setor agrícola, promovendo uma agricultura mais eficiente, econômica e ambientalmente responsável. Dentre as principais contribuições para a sustentabilidade podemos citar a redução do uso de agroquímicos, já que bioinsumos como bioinseticidas, biofungicidas e bionematicidas oferecem alternativas eficazes aos defensivos agrícolas químicos. Essa redução contribui para a diminuição dos impactos negativos no meio ambiente, na saúde humana e na biodiversidade.

A Lavoura: De que forma os produtos biológicos atuam na preservação do solo e do meio ambiente?

Carlos Breyer: Os biofertilizantes e os bioinoculantes contribuem para a preservação do solo, aumentando sua fertilidade e nutrição. Com um solo mais saudável, a biodiversidade local é preservada e a capacidade do solo em se regenerar e se autossustentar é fortalecida. Podemos destacar também a menor contaminação ambiental. Ao reduzir a aplicação de defensivos químicos, os bioinsumos minimizam a contaminação dos recursos naturais, como água e solo, evitando impactos negativos no ecossistema e na vida aquática.

Biorreator utilizado para produção de bacillus subtillis. Foto: Divulgação

 

A Lavoura: Então, são muitos os benefícios dos bionsumos para a agricultura?

Carlos Breyer: Sim. Os benefícios vão além e inclui o aumento da produtividade agrícola, com o uso dos biofertilizantes que ajudam a melhorar o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas, resultando em colheitas mais abundantes. Além disso, os bioinsumos reduzem os custos operacionais e promovem uma produção mais sustentável, possibilitando o uso responsável dos recursos naturais. Por fim, a utilização de produtos biológicos na agricultura contribui para a segurança alimentar, através da produção de alimentos mais saudáveis e seguros para o consumo, já que a presença de resíduos químicos é reduzida.

A Lavoura: Como você avalia o futuro do segmento?

Carlos Breyer: Creio que a conscientização sobre a importância da sustentabilidade na agricultura tende a aumentar, o que pode impulsionar a demanda por bioinsumos, uma vez que esses produtos são vistos como alternativas mais amigáveis ao meio ambiente em comparação aos defensivos agrícolas químicos. Com a crescente demanda por soluções agrícolas sustentáveis, é possível que haja um aumento no investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos bioinsumos, visando oferecer produtos ainda mais inovadores e eficazes. O setor de biotecnologia agrícola tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos. A expansão dessa indústria pode abrir novas oportunidades para empresas focadas em soluções inovadoras.

 

Redação A Lavoura