Gestão 360º promove impacto socioambiental positivo
Operações de gestão de resíduos 360° e projetos de logística reversa com o uso de tecnologia e inovação são ações que garantem que os materiais coletados retornem à indústria como insumo, promovendo a economia circular que gera alto impacto socioambiental positivo.
Esta é a missão da Trashin, startup que surgiu a partir da observação de que os resíduos gerados no dia a dia são desnecessariamente desperdiçados, tanto fisicamente quanto financeiramente, além de não existirem informações e dados claros sobre a cadeia da reciclagem. Esses problemas impedem uma melhor organização dos atores envolvidos, aumenta custos e dificulta a transparência e rastreabilidade dos resíduos.
“Há alternativas para ressignificar os materiais, bem como compradores para esses resíduos. A oportunidade estava em oferecer um serviço que potencializasse o descarte correto, através de diferenciais, como sinalização simplificada, instrução, destinação correta e melhor conexão dos stakeholders da cadeia de reciclagem”, explica o cofundador e CEO da Trashin, Sérgio Finger.
A empresa faz parte do SNA Startup Hub (SNASH), novo hub de agtechs e edutechs criado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), que reúne startups com foco em soluções para o agronegócio.
Conforme resume Finger, a ideia de fundar a empresa surgiu a partir de um desafio proposto em um hackathon internacional – Webdesign International Festival (WIF2012) – em 2012, quando os participantes foram desafiados a criar uma solução unindo sustentabilidade e tecnologia.
“Em uma equipe formada por quatro integrantes, entre eles Gustavo Finger (também sócio da Trashin) e eu, surgiu a ideia inovadora de transformar resíduos em moeda de troca para aquisição de produtos sustentáveis em um e-commerce”, conta. “Fomos selecionados como um dos 15 finalistas globais com essa ideia, o que nos fez acreditar que havia um bom potencial de negócio envolvido ali”, relembra.
No entanto, a ideia ficou guardada de 2012 a 2018, quando novamente eles participaram de um processo seletivo para pré-incubação no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS / Campus Porto Alegre). Após esse período de incubação e com a adesão de mais 3 sócios (Daniel Petersen, Rafael Dutra, Renan Vargas) e um CTO (Tiago Finger), nasceu oficialmente a Trashin – cleantech dedicada à gestão de resíduos e programas de logística reversa.
Objetivos
De acordo com o CEO, a startup tem como missão levar soluções inovadoras e tecnológicas para promover a economia circular oferecendo serviços caracterizados por diferenciais importantes, como, por exemplo, inovação e tecnologia no processo de coleta, triagem e destinação dos resíduos; educação ambiental focada na usabilidade e experiência do usuário.
Finger acrescenta que a empresa tem uma logística multimodal adaptada à realidade e necessidade dos clientes (totalmente neutra em carbono, por meio da redução de veículos de coleta poluentes e compensação da pegada de carbono via compra de créditos de carbono certificados).
“Fazemos a rastreabilidade dos resíduos em toda a cadeia de reciclagem, relatórios e dashboards completos e com informações do impacto socioambiental positivo gerado, além de termos um processo escalável e replicável para nossos clientes e geração de renda e ativação da economia circular e local”, acrescenta.
Demais Serviços
Dentre outros serviços disponibilizados pela empresa, ele destaca a gestão de resíduos para grandes geradores e eventos sustentáveis; logística reversa para fabricantes de produtos e embalagens; consultoria para mapeamento e implantação de cadeias de reciclagem para diferentes tipos de resíduos e trade de resíduos para recicladores que precisam aumentar o volume dos materiais coletados para reciclagem.
“Realizamos a gestão de resíduos desde a coleta até a transformação. Educamos, operamos as coletas, rastreamos os resíduos, extraímos dados de consumo e buscamos alternativas de valorização dos resíduos; fortalecendo a logística reversa das empresas, a geração de renda e fazer a economia local circular”, reforça.
Impactos e mercado
De acordo com o executivo, toda empresa gera resíduo e que todo o resíduo tem um destino correto. “Trabalhamos com empresas de diversos setores, tais como Tecnologia da Informação e Serviços, Saúde e Farmacêutico, Finanças e Serviços Financeiros, Varejo e Comércio Eletrônico, Energia e Recursos Naturais, entre outros”, informa.
Além do impacto da educação ambiental e criação de uma cultura envolvendo economia circular, a Trashin ajuda os clientes a executarem as suas estratégias de sustentabilidade; aliando impacto socioambiental positivo em suas operações.
“Para se ter uma ideia, em menos de 5 anos de atuação, a Trashin já gerou mais de R$ 2,5 milhões de renda extra aos cooperados que atuam em cooperativas de reciclagem parceiras e motoristas que realizam a logística de coleta dos materiais”, cita.
Segundo ele, essas ações resultaram em mais de 16 mil toneladas de resíduos destinados adequadamente. Atualmente, a empresa atende marcas de destaque do mercado, tais como: Havaianas (Alpargatas), iFood, Natura, Nike, Red Bull, Unimed e Irani. “Somos referência no mercado, como pode ser visto na série de conquistas em premiações (Amcham Arena, SEBRAE Like A Boss, Ranking 100 Open Startups)”, destaca Finger.
Transformando o futuro
Na avaliação do CEO, ainda estamos fase de estruturação e início da implementação do uso das tecnologias mais inovadoras para rastreabilidade e reaproveitamento dos resíduos. “Existe uma adequação legislativa também sendo realizada, tentando compreender como as novas tecnologias podem ajudar as empresas a resolverem seus problemas ambientais e sociais atrelados à gestão de resíduos”, menciona.
“É evidente a maior preocupação do mercado consumidor e dos investidores em relação às práticas de ESG aplicadas pelas empresa. Isso acaba acelerando o processo e trazendo novos players para o jogo”, completa.
Ele acredita que, em breve, será possível perceber, na prática, os resultados da preocupação das empresas com as práticas sustentáveis e com as ações envolvendo a geração e o reaproveitamento dos resíduos.
“As multinacionais têm traçado metas globais, envolvendo critérios socioambientais, e isso acaba refletindo no mercado brasileiro, forçando as empresas e sua cadeia de fornecedores a se adaptarem às novas regras globais”, pondera.
Para Finger, é necessário um maior entendimento da cadeia, de seus atores e das informações sobre tudo o que se gera e se movimenta nesse setor; para que então se possa montar melhores estratégias para aplicação das tecnologias já existentes e das que surgirão. “Um trabalho cooperativo e colaborativo é necessário para que boas soluções sejam desenvolvidas com viabilidade econômica, principalmente”, observa.
O CEO Trashin acredita que a partir do momento em que essas boas práticas e tecnologias forem implementadas no ciclo produtivo haverá um grande avanço em redução de custos, reaproveitamento de materiais, agregação de valor ao produto final, transparência em toda a cadeia produtiva e garantia de produtos mais justos socialmente. “Isso trará valor para todos os atores envolvidos”, arremata.
Para ler mais, clique em Revista A Lavoura.