Empresa desenvolve embalagens para alimentos in natura com o objetivo de promover práticas mais sustentáveis e inovadoras na indústria (Na foto, a publicitária Jaqueline Soares e o também publicitário, Douglas Braz, respectivamente, CSO e COO da BioUS Packaging. Divulgação)

Desenvolver embalagens sustentáveis e bioativas a partir de elementos naturais, utilizando tecnologia de microencapsulamento para criar um novo biopolímero. Esta é a proposta da BioUs Packaging Active, uma deep-tech que nasceu no Laboratório de Inovação e Empreendedorismo da FEA/USP, como parte de uma disciplina do mestrado profissional.

A equipe da BioUs, empresa que integra o SNASH, ecossistema de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), é formada pela publicitária, especialista em pesquisa e inovação, co-founder & Chief Strategy Officer, Jaqueline Soares; pelo publicitário, especialista em inovação & operação (CSO); co-founder & Chief Operations Officer (COO), Douglas Braz; pela engenheira química e mestre em materiais, co-founder & Chief Technology Officer, Gabryella Cerri; e pelo PhD em química e materiais e Scientific Advisor, Luciano Avallone.

“Atualmente, estamos focados em embalagens para alimentos in natura, especialmente carne de frango, visando aumentar sua vida útil e reduzir desperdícios na cadeia de valor. A empresa está em estágio inicial, na fase pré-operacional, consolidando e validando a pesquisa e desenvolvimento da tecnologia principal”, destaca Jaqueline.

Impactos no segmento

Conforme explica a CSO, dentre os objetivos da empresa estão desenvolver embalagens sustentáveis e bioativas utilizando elementos naturais, aplicar tecnologia de microencapsulamento para criar um novo biopolímero, aumentar o tempo de vida útil dos alimentos in natura, principalmente carnes, além de reduzir o desperdício de alimentos e o descarte inadequado ao meio ambiente.

“Nossas soluções impactam o segmento de embalagens biodegradáveis ao criar biopolímeros inovadores usando microencapsulamento e elementos naturais. As embalagens sustentáveis e bioativas reduzem a dependência de plásticos, prolongam a vida útil dos alimentos, especialmente carnes, e minimizam o desperdício”, destaca Jaqueline.

Além disso, ela acrescenta que as ações da empresa promovem um descarte ambientalmente amigável e atendem à demanda por produtos ecologicamente responsáveis. “Esses fatores fazem da BioUs Packaging um player crucial no avanço das embalagens biodegradáveis, promovendo práticas mais sustentáveis e inovadoras na indústria”, pontua.

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Desenvolvimento sustentável

Na avaliação de Douglas Braz, a empresa promove, com suas atividades, as ações socioambientais para o desenvolvimento das atividades do setor. “Essas ações são essenciais para o setor de embalagens biodegradáveis, pois garantem sustentabilidade e responsabilidade ambiental, atendem às demandas de consumidores conscientes e asseguram conformidade com regulamentações”, detalha.

O especialista destaca ainda que tais ações promovem inovação tecnológica, melhoram a reputação corporativa, reduzem custos operacionais, geram impacto social positivo e ajudam a mitigar riscos associados a desafios ambientais. Esses fatores contribuem para o desenvolvimento sustentável e a competitividade do setor.

“De acordo com o Embrapa (2023), o Brasil produz cerca de 14,5 milhões de toneladas de carne de frango por ano. Desse volume, 50% de desperdício ocorre no manuseio e transporte, 30% nas centrais de abastecimento e 10% diluído entre supermercados e consumidores”, informa o COO da empresa.

Em outros estudos da Embrapa e FGV (2018), citados pelo publicitário, cada família desperdiça cerca de 19 kg de carne de frango por ano. “O Brasil possui, aproximadamente, 70 milhões de famílias, o que significa um desperdício em torno de 1,33 milhões de toneladas de carne de frango anualmente”, comenta.

Em relação aos impactos gerados através da redução do desperdício de alimentos, por exemplo, Braz faz algumas considerações. “Se conseguirmos reduzir o desperdício de carne de frango em 50% (redução de desperdício = 1,33 milhões de toneladas * 50%) conseguiríamos poupar, anualmente, 665.000 toneladas de carne de frango”, calcula.

Benefícios Ambientais e Redução do Uso de Recursos Naturais

Outro ponto abordado pelo cofundador da empresa é em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com o Environmental Working Group, a produção de 1 kg de carne de frango emite aproximadamente 6,9 kg de CO₂ equivalente, ou seja, redução de emissões = 665.000 toneladas * 6,9 kg CO₂e/kg = 4.588.500 toneladas de CO₂e.

Ele menciona que a produção de carne de frango requer grandes quantidades de água e energia, por isso,  promover a redução do desperdício também reduzirá o consumo desses recursos naturais.

“Com a redução do desperdício, haverá menor necessidade de embalagens plásticas. Estimando que 28% das embalagens danificadas são de carnes e frutos do mar, isso significa a redução de embalagens danificadas, ou seja, 665.000 toneladas * 28% = 186.200 toneladas de embalagens plásticas potencialmente poupadas”, enfatiza Braz.

Perspectivas

Para a CSO da BioUS, essas novas tecnologias têm o potencial de transformar a indústria, trazendo benefícios ambientais, econômicos e sociais

Sob a perspectiva do mercado potencial de embalagens para este setor, Jaqueline conta que um relatório, divulgado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (2023), divulgou que o consumo médio de frango da população brasileira é de cerca de 45,2 quilos por habitantes.

Além disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2023) divulgou uma população de 203 milhões de habitantes, para o CENSO 2022, até o momento.

Por fim, um estudo realizado pela Embrapa Suínos e Aves (2023) apontou  que, de 2020 até março de 2023, o custo da produção de frango cresceu cerca de 71% , e com isso, o valor unitário de embalagem passou de R$0,27 para R$0,46, totalizando um valor potencial de mercado de aproximadamente R$ 4,2 bilhões.

Desafios do setor

Conforme avalia Jaqueline, o setor de embalagens enfrenta desafios significativos, desde a necessidade de inovação sustentável e conformidade regulatória até a gestão de custos e a aceitação do consumidor. Para ela, superar esses desafios exige uma abordagem integrada que envolva inovação tecnológica, colaboração, parceria e um compromisso sólido com a sustentabilidade.

Segundo a especialista, as embalagens inovadoras são uma das áreas mais promissoras para a inovação global, especialmente no setor de alimentos. Essas tecnologias têm o potencial de transformar a indústria, trazendo benefícios ambientais, econômicos e sociais. “As embalagens sustentáveis não só reduzem o impacto ambiental, mas também melhoram a eficiência operacional e atendem às demandas dos consumidores por práticas mais responsáveis”, analisa.

“A colaboração contínua entre empresas, governos e consumidores será crucial para desbloquear todo o potencial dessas inovações e construir um futuro mais sustentável para a cadeia de alimentos”, conclui a CSO da BioUS..

Redação A Lavoura