Startup conecta laboratórios, instituições de pesquisa e profissionais da ciência ao mercado de biotecnologia

Comprar e vender serviços científicos de forma mais fácil e menos burocrática é um dos objetivos da Soul Science, startup desenvolvida para inovar o mercado de análises laboratoriais no Brasil através de uma plataforma “All in One”.

A Soul Science, formada por uma equipe multidisciplinar de profissionais técnicos, de mercado e tecnologia, iniciou sua trajetória com um protótipo de rede social para ciência, promovendo um ambiente de conexão entre o mercado de serviços científicos. A empresa faz parte do SNA Startup Hub (SNASH), novo hub de agtechs e edutechs criado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), que reúne startups com foco maior no agronegócio.

“Durante o processo, surgiram diversos dilemas, que nos fizeram repensar as funcionalidades da solução. Pivotamos e desenvolvemos novas ferramentas, que hoje estão no mercado com o objetivo de proporcionar conexões e oferecer um sistema próprio para atender o processo de aquisição de análises laboratoriais de forma completa e automatizada, do início ao fim”, detalha a bióloga, CEO e co-fundadora da Soul Science, Lucia Helena Soares de Sousa Pereira.

Projeto surgiu diante da necessidade de facilitar o acesso a informações laboratoriais. Foto: Divulgação

A ideia do projeto surgiu diante da dor percebida por ela e pela outra co-fundadora e gerente técnica da empresa, Adriana Haddad, que sentiram na pele a dificuldade de acesso a informações laboratoriais. Segundo Lucia, o processo de compra de serviços científicos costuma ser demorado, principalmente pela falta de informação na internet.

Conforme explica Adriana, os consumidores perdem horas e até dias buscando por laboratórios compatíveis com a sua demanda no mercado e, quando encontram, muitas vezes possuem dificuldade para fechar uma negociação, pois o responsável pela compra não possui experiência técnica para detalhar especificações da amostra.

Segundo ela, grande parte dos compradores costumam pagar por orçamentos altos de laboratórios já conveniados, diante do receio de contactar novos fornecedores. “Infelizmente, a falta de comunicação entre instituições de pesquisa, principalmente universitárias, faz com que os laboratórios não tenham visibilidade de mercado e não haja interação com a porta ao lado”, analisa.

Como funciona a plataforma

Em relação à aplicabilidade da ferramenta, que ainda conta com a CFO e administradora Julia Fischel e o CTO, desenvolvedor e designer, Pedro Freitas, Julia diz que a plataforma trabalha com um portfólio de fornecedores qualificados em todo o país e tecnologia de ponta para impulsionar a performance do mercado.

A bióloga e CEO da startup destaca que a plataforma possui duas principais ferramentas: Soul Marketplace e Soul 360. Foto: Divulgação

 

“Combinamos habilidades técnicas, comerciais e de TI em um sistema inovador, que oferece cotações “on time”, de forma menos complicada”, explica.

Segundo ela, a Soul Science possui duas principais ferramentas: Soul Marketplace e Soul 360. “Na Marketplace, através de um buscador inteligente, qualquer pessoa física ou jurídica pode procurar, com a ajuda de filtros de busca dinâmicos, por laboratórios, análises, consultores e novas tecnologias”, ensina. “O pagamento tem flexibilidade e é feito direto na plataforma, onde o laudo pode ser acessado de forma online”, completa.

Já o sistema Soul 360, de acordo com o CTO Pedro, foi desenvolvido para organizar e automatizar o processo de aquisição de análises laboratoriais, com foco em médias e grandes empresas, facilitando sua relação com fornecedores.

“Para fazer uso do sistema, o usuário descreve a demanda, recebe as propostas de diferentes laboratórios para aprovação, efetua o pagamento na plataforma e tem acesso ao laudo online direto na plataforma e todos os históricos de pedidos”, informa e acrescenta que, atualmente, a solução está voltada para o mercado B2B e B2C.

Pedro informa ainda que os principais setores de atuação são ambiental, agro, óleo e gás, energia, mineração, alimentos, bebidas, cosméticos, manipulação e P & D.

Análises

Dentre as análises disponíveis, Lucia destaca que a de fertilidade do solo é de extrema importância para o produtor rural, pois é a partir dos resultados obtidos é feita a recomendação da adubação e calagem (adição de calcário para corrigir a acidez do solo) na área a ser plantada.

“A análise de fertilidade do solo também determina os macros e micronutrientes, além de Al (elemento tóxico às plantas) e do pH do solo”, informa.

Outra análise destacada pela bióloga é a de resíduos de pesticidas, que avalia as concentrações de produto em água, solo, alimentos, leite e hortigranjeiros.

Da esquerda para a direita, a CFO e administradora Julia Fischel, a CEO da empresa, Lucia Pereira, a co-fundadora e gerente técnica, Adriana Haddad Foto: Divulgação

 

“Em geral, os laboratórios possuem projetos regulares de monitoramento que controlam os níveis de resíduos de pesticidas em matrizes que são consumidas pela sociedade (hortigranjeiros, água potável) ou que entram em contato com o meio ambiente (água de cultivo de arroz irrigado, solo, plantas). “Esses resíduos podem causar danos irreparáveis ao homem e à natureza”, alerta.

Por fim, ela lembra que a exposição dos seres humanos aos agrotóxicos pode causar danos à saúde, seja essa exposição de forma aguda ou crônica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as intoxicações por agrotóxicos são três milhões anuais.

“Destes, 2,1 milhões de casos acontecem nos países em desenvolvimento, sendo que 14 mil estão nos países do terceiro mundo. Um fator de alerta sobre a importância de analisar o que comemos e a que tipo de contaminante estamos sendo expostos diariamente para que possamos tomar as medidas necessárias em prol da saúde pública e ambiental”, ressalta Lucia.

“Por isso os laboratórios que fazem parte da rede Soul Science, possuem qualificação técnica e são capazes de prestar uma gama de serviços de análises, como as de fertilizantes e corretivos, e resíduos de pesticidas, frequentemente requisitadas por grandes empresas do ramo alimentício e pelo setor agrícola, diante da ampla utilização desses produtos”, arremata a CEO da empresa.

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Redação A Lavoura