Tecnologia segura e eficiente traz benefícios significativos para a agricultura, no tratamento de grãos de soja, sementes e frutas (Foto: Naiopur Pfeffer/Divulgação)

Na vanguarda da inovação tecnológica a M2D1 é uma startup brasileira que se destaca como uma deeptech. A empresa – que integra o SNASH, hub de startups apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura –  desenvolve soluções baseadas em raios ultravioleta UVC. Uma tecnologia segura e eficiente que traz benefícios significativos para a agricultura.

“Nós utilizamos uma UVC que não tem esses problemas e consegue eliminar patógenos como vírus, fungos e bactérias,” explica André Tozello, CEO da empresa, em entrevista à Revista A Lavoura.

Em colaboração com a Unidade Embrapii da Universidade Federal de Pelotas, a M2D1 aplicou essa tecnologia no tratamento de grãos de soja, sementes e frutas.

“Tivemos excelentes resultados em laboratório, reduzindo patógenos problemáticos no pós-colheita de soja e aumentando o shelf life dos produtos,” disse Tozello.

O tratamento aumentou o tempo de prateleira dos morangos em uma semana e manteve grãos de soja armazenados por 300 dias sem infecção.

A tecnologia  da M2D1 não possui os problemas tradicionais associados à UVC germicida, como risco de câncer de pele, catarata, produção de ozônio e mercúrio.

“Nossa tecnologia não causa impacto negativo ao meio ambiente. Pelo contrário, ela reduz o uso de produtos químicos e, assim, a resistência antimicrobiana,” enfatiza Tozello.

Esta abordagem ecológica e inovadora atraiu a atenção de grandes cooperativas e armazenadores de grãos, que veem na M2D1 uma aliada para melhorar a qualidade e a durabilidade dos seus produtos.

O mercado agrícola brasileiro, um dos maiores do mundo, enfrenta perdas significativas devido a patógenos que atacam grãos armazenados.

“O Brasil é o terceiro maior produtor de grãos do mundo, e cerca de 20% a 25% da produção anual é perdida devido a fungos,” diz Tozello. Com a tecnologia da M2D1, essa perda pode ser drasticamente reduzida, gerando economia para os produtores e mais alimentos disponíveis para a cadeia de consumo.

Primeiros resultados e próximos passos

O primeiro protótipo funcional da M2D1 ficou pronto em maio de 2023, permitindo à empresa demonstrar a viabilidade de sua tecnologia em maior escala.

“Com esse protótipo, podemos processar um volume maior e demonstrar a tecnologia para os clientes. Esperamos começar a negociar a tecnologia em 2024,” compartilha Tozello.

Os testes iniciais com o morango mostraram uma redução de 88% na média dos patógenos e um aumento significativo no tempo de prateleira. Para a soja, os grãos tratados permaneceram armazenados sem infecções por mais de 300 dias, sem alteração nas qualidades do alimento.

“Esses resultados são altamente promissores e mostram o potencial de nossa tecnologia para revolucionar a conservação pós-colheita,” afirma o CEO.

Expansão e novas aplicações

Além da agricultura, a M2D1 explora outras aplicações potenciais de sua tecnologia. Na saúde animal, por exemplo, há conversas em andamento para implementar a tecnologia em granjas de suínos e aves, ajudando a desinfetar ambientes e reduzir o uso de antibióticos.

“Estamos desenvolvendo tratamentos para feridas infeccionadas em parceria com a Universidade de São Caetano do Sul e a Universidade Federal de Santa Catarina,” acrescenta Tozello.

O CEO também menciona o potencial da tecnologia para a saúde humana, com pesquisas focadas em tratamentos auxiliares ou alternativos para feridas de difícil cicatrização.

“Nossa tecnologia pode ser um tratamento auxiliar ao antibiótico, ou até mesmo uma alternativa quando o antibiótico já não tem efeito,” explica ele.

 

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