A startup Dr. Guaraná, sediada em Manaus, Amazonas, est emergindo no mercado de suplementos naturais, unindo ciência, sustentabilidade e o potencial da rica biodiversidade da Amazônia.
Em entrevista à Revista A Lavoura, Marcio Emmanuel, CEO da empresa, detalha como a startup está integrando a biodiversidade amazônica ao mercado global, enquanto promove o desenvolvimento sustentável e o empoderamento das comunidades locais.
A Dr. Guaraná – startup que integra o SNASH, hub de startups apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura – foi criada a partir de uma percepção clara: a Amazônia, que abriga 60% da biodiversidade mundial, oferece um potencial inexplorado para o desenvolvimento de produtos naturais com alto valor agregado.
Marcio Emmanuel explica que muitos dos recursos naturais da região, como plantas e bioativos, são amplamente exportados e pesquisados internacionalmente, gerando interesse crescente em seus benefícios comprovados cientificamente.
“Nosso diferencial é trazer ao mercado suplementos naturais que garantem resultados efetivos, aproveitando o que a biodiversidade da Amazônia tem de melhor a oferecer”, afirma.
Energético 100% natural
Um dos produtos mais inovadores da startup é o Energyshot, o primeiro energético 100% natural produzido na floresta amazônica.
Com uma composição rica em bioativos extraídos do guaraná da região, como cafeína, teobromina e teofilina, o energético promete uma performance superior a qualquer outro energético no mercado
“Nosso guaraná possui seis vezes mais cafeína do que o café comum e uma concentração de bioativos muito superior aos guaranás de outras regiões do Brasil”, destaca Marcio.
Recentemente, o produto recebeu um investimento de R$ 1.185.000 do Programa de Pesquisa em Bioeconomia (PPBio), que será utilizado para impulsionar ainda mais a inovação tecnológica do produto.
“Estamos em negociação para um segundo aporte e, além disso, colaborando com três empresas interessadas em investir na Dr. Guaraná”, revela o CEO.
Além do Energyshot, a Dr. Guaraná está envolvida em projetos de pesquisa que prometem revolucionar o mercado de suplementos. Em parceria com o Sebrae Tech, a startup está desenvolvendo uma proteína vegana rica em selênio, utilizando insumos da floresta amazônica.
Outro projeto em colaboração com a Norte Genômica, uma startup liderada por renomados cientistas, está focado na criação de um produto à base de guaraná que visa melhorar o aprendizado, com potenciais repercussões internacionais.
Parcerias estratégicas e desenvolvimento sustentável
A Dr. Guaraná não se limita à comercialização de produtos; a empresa está profundamente comprometida com o desenvolvimento sustentável das comunidades amazônicas.
“Nosso objetivo é alavancar a bioeconomia da Amazônia, oferecendo produtos que não só beneficiem a saúde dos consumidores, mas também gerem valor para as comunidades locais e preservem o meio ambiente”, diz Marcio Emmanuel.
A startup firmou parcerias diretas com comunidades e associações locais, eliminando intermediários e garantindo preços justos para os produtores.
“Estamos criando programas de capacitação e consultoria, utilizando nossos profissionais nas áreas de nutrição, biologia e gastronomia para melhorar os processos produtivos e a qualidade dos insumos fornecidos”, explica o CEO.
Um exemplo claro do impacto positivo dessas parcerias é o guaraná com indicação geográfica da região, que é vendido a um preço significativamente mais alto devido à sua qualidade superior.
“Enquanto o guaraná de outras regiões é vendido a R$ 20-30 o quilo, o nosso guaraná, com indicação geográfica, pode chegar a custar 40% a mais, refletindo sua qualidade e os benefícios para a saúde”, compara Marcio.
Outro desafio crítico que a startup tenta contornar é a evasão dos jovens das comunidades, que muitas vezes buscam oportunidades nas cidades.
A empresa está comprometida em reverter essa tendência, criando novas oportunidades de desenvolvimento econômico local e incentivando os jovens a permanecerem na região.
“Queremos ser mais do que uma empresa; queremos ser parceiros das comunidades, ajudando-as a enxergar novas visões e metodologias que viabilizem um futuro mais promissor”, afirma o CEO.