Em um mundo cada vez mais competitivo e conectado, as cooperativas agropecuárias entenderam que a inovação não é apenas um diferencial, mas sim um pilar estratégico para seu crescimento e sucesso. A busca por aprimorar a produtividade, otimizar recursos e garantir a sustentabilidade das operações tem impulsionado essas organizações a abraçarem novas tecnologias, processos e modelos de negócio.
Desse modo, a inovação no campo deixou de ser um conceito distante para se tornar uma realidade palpável e presente no dia a dia das cooperativas. Assim, as cooperativas agropecuárias estão se transformando em verdadeiros hubs de inovação, buscando ativamente as últimas tendências em tecnologia, sustentabilidade, agroindustrialização e modelos de negócio disruptivos.
O apoio de startups tem se mostrado fundamental nesse processo, injetando novas ideias, soluções e abordagens que impulsionam a transformação do setor. A colaboração entre cooperativas e startups cria um ecossistema fértil para o desenvolvimento de soluções inovadoras que beneficiam tanto os cooperadores quanto o mercado como um todo. Vamos, então, conhecer mais sobre a inovação liderada pelas cooperativas agropecuárias?
A inovação no cooperativismo agropecuário
As cooperativas agropecuárias são muito diversas. Há uma grande variedade de cooperativas em relação ao tamanho, área de atuação, produção, industrialização, localização e estratégia comercial.
Segundo dados do AnuárioCoop 2024, há 1.179 cooperativas agropecuárias no Brasil, reunindo mais de um milhão de cooperados e R$ 274 bilhões em ativos. Diante disso, o setor cooperativista proporciona uma série de oportunidades para inovar. Veja de que forma as cooperativas agro estão atuando!
Usos da inteligência artificial
As ferramentas de inteligência artificial estão ganhando cada vez mais espaço nos negócios de todos os segmentos. As cooperativas agropecuárias estão na vanguarda da adoção dessa tecnologia no campo, buscando formas de otimizar diversos processos com apoio da IA.
A paranaense Coopavel opera um frigorífico de aves em duas linhas que abate diariamente 250 mil frangos. A fim de manter os padrões exigidos pela fiscalização durante esse processo, a cooperativa agropecuária adotou uma ferramenta de IA que faz a fiscalização automática da sangria dos animais. Desde que a solução entrou em atividade, a Coopavel registrou melhorias na eficiência do processo e zerou o número de sanções recebidas por falhas.
A conterrânea Integrada, por sua vez, aplica a inteligência artificial com auxílio de imagens de satélite para identificar áreas com potencial produtivo em sua região de atuação. O projeto permite que a área técnica da cooperativa avalie se houve aumento ou diminuição no plantio sem precisar visitar os terrenos.
Inovação com sustentabilidade
O setor agropecuário precisa estar atento às demandas ESG. A preocupação ambiental só tende a crescer diante dos novos desafios climáticos. As cooperativas estão em busca de alternativas para tornar a produção agropecuária mais verde e sustentável sem deixar de lado a necessidade de melhorar a produtividade.
A questão energética é um dos desafios para o setor. Nesse cenário, a Frimesa é uma referência na adoção de energia limpa. Para avançar em sua estratégia de sustentabilidade, a cooperativa investiu em biodigestores que geram biogás para a chamuscagem dos suínos. Os equipamentos geram energia térmica, que substitui o uso de gás liquefeito de petróleo.
A inovação sustentável também pode representar agregação de valor. A cooperativa cafeeira Expocacer, que atua no cerrado mineiro, é a primeira no mundo a conquistar selo de agricultura regenerativa. A Expocacer aposta na rastreabilidade dos cafés desde o armazém até a distribuição aos consumidores finais em um processo automatizado e tecnológico. Essa estratégia, inclusive, ajuda a cooperativa a competir no mercado externo.
Adesão às plataformas digitais
Na economia digital, as plataformas estão em todo lugar. As cooperativas agropecuárias também estão as levando para o campo, de forma a colocar a tecnologia na palma da mão de produtores e gestores da produção agropecuária. Com dados e informações disponíveis, é possível tomar melhores decisões e otimizar a produção.
“A Coocafé, por exemplo, desenvolveu o aplicativo iCoop, cujo nome é inspirado na cultura da Apple. Com apoio de uma parceria especializada, a cooperativa elaborou a plataforma com diversas funcionalidades como acesso a informações relevantes para a lavoura, assinaturas digitais de duplicatas, acesso a extratos financeiros, relatórios sobre a produção e pagamentos de pedidos feitos na cooperativa, dentre outras ferramentas.
A intercooperação também gera inovação no agro. A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) elaborou a SmartCoop, uma plataforma digital para apoiar a atuação dos produtores rurais das cooperativas associadas na gestão de suas propriedades.
Conexão com startups
A conexão entre cooperativas agropecuárias e as agritechs é uma maneira eficaz de encontrar e desenvolver soluções tecnológicas e aplicá-las no campo. Trata-se de uma oportunidade para que ambas as partes possam se complementar em termos de financiamento, tecnologia e aprimoramento mútuo das soluções tecnológicas oferecidas.
Veja o exemplo da Cooxupé: a cooperativa agropecuária mineira se uniu com a startup Quanticum e o IFSuldeMinas (Instituto Federal do Sul de Minas Gerais) para desenvolver o projeto Sustenta Mais: Agricultura Regenerativa, que leva tecnologias de custo acessível e adaptadas às necessidades de seus produtores cooperados, levando em consideração a grande variedade na composição físico-química do solo das propriedades.
Já a Vinícola Aurora contou com o apoio da startup Jahde Tecnologia e da Embrapa para criar o CROPS, um sistema que monitora o risco do fungo míldio nas videiras. A tecnologia faz com que a aplicação de defensivos ocorra somente quando necessário, diminuindo custos e proporcionando frutas mais saudáveis.
Agroindustrialização e produtividade
O setor agropecuário também precisa agregar valor aos seus produtos. Nesse contexto, as cooperativas estão seguindo por este caminho ao aumentar a produtividade no campo e também por meio da industrialização de suas operações.
Nesse sentido, a Cooperacre é referência no progresso econômico verde na região amazônica graças ao seu projeto industrial. Criada em 2001, a cooperativa já apostou desde o começo na agregação de valor com a sua primeira indústria de beneficiamento de castanha-do-Brasil, inaugurada em 2003. Hoje são três plantas industriais só para as castanhas e cinco ao todo.
A paulista Camda, por sua vez, diagnosticou a necessidade de melhorar a eficiência na produção de ruminantes e agregar valor ao meio ambiente. A solução se deu com o início do projeto de eficiência alimentar sustentável por meio da Minercamda, sua linha de nutrição animal. Com foco nos bovinos de corte, a CAMDA usa suplementos para melhorar a saúde dos animais e melhorar a produtividade da pecuária.
Cooperativas agropecuárias: protagonismo inovador
O setor agropecuário, pilar fundamental da economia brasileira, enfrenta desafios cada vez mais complexos na busca por atender às demandas de uma população crescente e de um mercado global em constante transformação. A necessidade de aumentar a produtividade de forma sustentável, otimizar o uso de recursos naturais, mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar exigem soluções inovadoras e eficazes.
Nesse contexto, as cooperativas agropecuárias emergem como atores-chave no fortalecimento do ecossistema de inovação no campo. A atuação das cooperativas no estímulo à inovação se manifesta em diversas frentes, como vimos neste artigo com exemplos práticos diversos.
Em suma, as cooperativas agropecuárias desempenham um papel fundamental na promoção da inovação e do desenvolvimento sustentável do setor. Elas são, portanto, centrais para o sucesso do ecossistema de inovação no campo. Além disso, as cooperativas se apresentam como grandes aliadas das startups que buscam soluções tecnológicas para a cadeia produtiva agropecuária.